Biografia
Américo Monteiro de Aguiar (23 de outubro de 1887 - 16 de julho de 1956) foi o oitavo filho duma família da freguesia de Galegos, concelho de Penafiel. Após ter concluído os estudos primários na sede do concelho e em Felgueiras, envereda pela carreira comercial, primeiramente no Porto, e, a partir de 1906, em Moçambique. Aos 36 anos, movido pelo desejo de ser padre, regressa a Portugal para logo de seguida ingressar no Convento Franciscano de Vilariño de Ramallosa, em Tui (Espanha). Aí cumpre o Apostolantado e o primeiro ano do Noviciado, entretanto interrompido. Pede, depois, admissão no Seminário do Porto (que lhe recusam, em virtude da sua idade) sendo, finalmente, acolhido no de Coimbra, em 1925.
É no Seminário de Coimbra, e logo desde o início dos seus estudos teológicos, que começa a revelar as suas capacidades discursivas e de reflexão, escrevendo para a Lume Novo, revista dos alunos daquele Seminário, e logo desde o seu primeiro número (1926), sob o pseudónimo de Frei Junípero. Três anos mais tarde recebe a Ordenação Sacerdotal (28 de julho de 1929) e, após uma breve experiência como formador e prefeito naquele Seminário, encarrega-se da “Sopa dos Pobres”, em Coimbra, passando a dedicar-se em exclusivo ao apostolado da Caridade nos tugúrios de famílias em dificuldades daquela cidade, missão de que vai dando notícia “apaixonada” no semanário diocesano Correio de Coimbra, em coluna intitulada “Sopa dos Pobres” (depois “Obra da Rua”). De 1935 a 1939 organiza Colónias de Campo em S. Pedro de Alva, Ceira e Miranda do Corvo, período em que ganha forma o seu sonho da criação do que viriam a ser as Casas do Gaiato. A primeira (Miranda do Corvo) fundou-a em 1940, seguindo-lhe Paço de Sousa (1943) – casa-modelo e centro principal das demais –, Tojal (Loures 1948), o “Calvário” em Beire (Paredes, 1954) – esta última especialmente dedicada a doentes incuráveis, deficientes profundos e abandonados – e, finalmente, a de Setúbal (1955). Na década de 40, escreve no jornal católico A Ordem a sua coluna intitulada “Casa d’O Gaiato do Porto”. A 5 de março de 1944 funda o jornal O Gaiato. Ao mesmo tempo, alargam-se e diversificam-se as formas de apoio aos rapazes nelas acolhidos: cria os “Lares” de rapazes trabalhadores no Porto (1945), Coimbra (1946), Lisboa e Setúbal, depois de, em 1941, ter criado, em Coimbra, o “Lar do Ex-pupilo das Tutorias e Reformatórios do País”. Viaja ao Brasil (1949) e a África (1952), levando na bagagem a sua experiência e proposta de resolução do problema dos jovens abandonados; em 1951 tinha já lançado os alicerces das primeiras casas do “Património dos Pobres” (atualmente com mais de 5000 habitações em todo o país). A morte encontrou-o no Hospital Geral de Santo António, no Porto, a 16 de julho de 1956 (tinha então 68 anos de idade), em consequência dum desastre de automóvel em S. Martinho do Campo, Valongo, no regresso duma viagem ao sul do País.