Fundo INSO - 03. Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira

Zona de identificação

Código de referência

PT PSN INSO

Título

03. Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira

Data(s)

  • 1624-04-20 - 1982 (Produção)

Nível de descrição

Fundo

Dimensão e suporte

3,67 metros lineares; 540 cap.; 144 liv.; 5 mç.; papel.

Zona do contexto

Nome do produtor

História administrativa

A Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira (Ofício dos Confeiteiros) é uma associação de fiéis, estabelecida na ermida do mesmo orago, sita na Rua de São Julião da freguesia do mesmo nome.
Quanto à sua origem, não foi encontrado qualquer registo que permita determinar uma data precisa. A análise à documentação do acervo permitiu constatar que o registo mais antigo sobre a irmandade data de 1624. Presume-se, contudo, que a sua existência remonte a um período anterior.
Por outro lado, não menos imprecisa é a origem da primitiva Ermida da Oliveira, ou Oliveirinha, como também é designada, localizada na antiga Rua Nova dos Ferros, no adro da Igreja de São Julião.
Um apontamento deixado num livro de escrituras da irmandade dá conta de que, aquando da reconstrução da ermida, no século XVIII, foram encontradas as sepulturas dos seus fundadores, Pêro Esteves e sua esposa, Clara Geraldes, ambos oriundos de Guimarães, nas quais consta a informação de que foram ali enterrados no ano de 1300, trazendo de Guimarães a devoção a Nossa Senhora da Oliveira a Santo Elói e a São Gonçalo, patrono dos confeiteiros.
Outras fontes referem a possibilidade de ter ocorrido um erro na interpretação da inscrição encontrada nas sepulturas, colocando a hipótese de Pêro Esteves ser o mercador natural de Guimarães mas residente em Lisboa que protagonizou o milagre do cruzeiro, ocorrido em frente à Igreja de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, no ano de 1342 (1), remetendo, por conseguinte, para o século XIV a data da fundação da ermida.
Um índice das escrituras da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira produzidas entre 1727 e 1751, que inclui um apontamento histórico acerca da ermida, menciona, ainda, embora sem precisar uma data, que o templo passou para o domínio dos “Lava-Peixes da Ribeira”, os quais, não podendo reedificar a ermida, que se havia arruinado, renunciaram a todo o domínio.
Posteriormente, em 1646, o prior e beneficiados de São Julião venderam o chão da ermida à Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira para que a reconstruíssem, com direito a apresentarem, ali, o capelo.
Por seu lado, sem indicar a que fonte reporta, a publicação “Olisipo: boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", n.º83”, menciona o ano de 1563 como a data de trepasse da ermida para a “Confraria dos Confeiteiros”. Não foi encontrada, porém, nenhuma fonte que corrobore esta última hipótese.
Em 1755, à semelhança dos edifícios contíguos, a ermida sofreu os efeitos devastadores do terramoto, tendo sido totalmente destruída pelo incêndio que se seguiu. O evento não poupara os registos da irmandade anteriores a esta data, como atestam os vestígios observados nos documentos que persistem no atual acervo.
Após o terramoto, iniciaram-se, em 1768, os esforços para reerguer a ermida, conforme testemunha um requerimento enviado pela Mesa da irmandade ao ministro do Bairro e ao regedor, para que lhe fosse dado o chão para se fazer a ermida.
No mesmo ano de 1768, a irmandade associa-se à corporação dos confeiteiros, com a criação da Bandeira de Nossa Senhora da Oliveira para representação na Casa dos Vinte e Quatro de Lisboa. A bandeira surge com o ofício dos confeiteiros à cabeça, sendo os carpinteiros de carruagens e picheleiros ofícios coadjuvantes. O termo desta representação ocorre com a extinção da Casa dos Vinte e quatro por Decreto de 7 de maio de 1834.
Muito em virtude das perdas sofridas pela irmandade aquando do terramoto, nomeadamente no que diz respeito à sua atividade anterior a 1755, resultam escassos registos. Ainda que incompleta, a primeira referência explícita aos seus fins e composição surge apenas no século XIX, em dois capítulos em pública-forma com data de 1803.
No século XX, através dos Compromissos/Estatutos de 1911, 1914 e 1934, torna-se possível discernir com exatidão quais os seus fins, composição e atribuições. De acordo com o art.º 1 do Compromisso de 1911, a Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira é a “reunião de todos os indivíduos de ambos os sexos, de maior idade ou emancipados, pertencentes às classes de confeiteiros e refinadores d’açúcar que atualmente fazem parte da referida irmandade, e de todos aqueles que de futuro na mesma se quiserem incorporar”.
O art.º 2 determina que o “fim principal da irmandade é prestar culto ao seu orago, Nossa Senhora da Oliveira, e às que se acham em ambos os altares; assistir e beneficiar os irmãos e viúvas destes quando habilitados como pobres e ainda outros, quando as forças do cofre assim o permitam”.
O art.º 3 prossegue enumerando outros fins: “1) Fazer anualmente a festividade a Nossa Senhora da Oliveira (seu orago). 2) Sufragar as almas dos irmãos falecidos. 3) Receber o sagrado Lausperene quando pela Autoridade competente lhe for distribuído. 4) Exercer a beneficência, empregando n’este fim a parte do seu rendimento reservado segundo a lei”.
O documento clarifica a sua estrutura orgânica, composta por uma Mesa de cariz administrativo e uma Assembleia Geral constituída por todos os irmãos.
Por sua vez, o Compromisso de 1934 declara estar em harmonia com legislação civil e sem embargo, compromete-se a acatar as leis canónicas, em especial as que se encontram prescritas no Código de Direito Canónico. Nos fins especificados, face ao anterior compromisso, acresce o fim de “promover, subsidiar e intensificar o culto na sua igreja, em especial ao S. Sacramento…”. O documento não empreende quaisquer alterações à sua forma e fins firmados anteriormente.

(1) Nota: O periódico “Olisipo: boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", nº83, presume que o milagre ocorrido em Guimarães aliado ao fato de ser mercador, motivou Pêro Esteves a implementar o culto a Nossa Senhora da Oliveira junto da Rua Nova dos Mercadores.

Nota: Segundo consta no "Livro de escrituras e outros documentos da Irmandade da Nossa Senhora da Oliveira" (ACNO/Liv83/23), ao abrir-se os alicerces da obra de reconstrução da ermida, foram encontradas as duas sepulturas de Pêro Esteves o fundador da ermida, e de sua esposa, Clara Geraldes.

Entidade detentora

História do arquivo

O Fundo documental da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira esteve no salão nobre da Ermida de Nossa Senhora da Oliveira até 1985, altura em que transitou para a Biblioteca da Igreja de São Nicolau.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Zona do conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

Documentação produzida, recebida e acumulada no âmbito da atividade administrativa e religiosa da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira do Ofício dos Confeiteiros. Contém documentação gerada pelos orgãos gerentes consignados nos estatutos, aos quais compete a gestão administrativa e financeira dos bens e rendimentos da irmandade, bem como, prover o culto ao seu orago e ao Santíssimo Sacramento.
Comporta os referidos estatutos; atas e termos das sessões ordinárias e extraordinárias da Mesa da irmandade e Assembleia Geral; processos de aprendizagem e ingresso de irmãos na irmandade; acham-se inventários e catálogos de bens e propriedades; várias escrituras de propriedades; processos de assistência e beneficência; correspondência recebida e expedida pela Mesa; requerimentos recebidos de natureza vária; sentenças cíveis e litígios; e processos de eleições.
Decorrente da gestão financeira, encontram-se documentos de despesa e receita, principalmente relativos à posse, construção e reparação de propriedades; despesas com festividades; acham-se avaliações de bens móveis e imóveis; várias contas e orçamentos gerais.

Avaliação, seleção e eliminação

Incorporações

Sistema de arranjo

Foi encontrado um sistema temático de organização da documentação. Urgia criar uma metodologia capaz de tornar acessível e recuperável a informação contida no fundo, tornando-a, em simultâneo, consentânea com os princípios basilares da Arquivística, nomeadamente o princípio da proveniência e o do respeito pela ordem original. As secções e subsecções criadas permitem uma melhor compreensão da possível organização original da documentação, associando-a, sempre que possível, ao serviço/órgão produtor. Por sua vez, as séries criadas refletem os processos de acumulação, funções e tipologias documentais identificadas. Optou-se, neste contexto, por um quadro de classificação orgânico/funcional.
Foram identificadas as seguintes secções e subsecções: Mesa da Irmandade (Secretaria, Tesouraria); Assembleia Geral.

Zona de condições de acesso e utilização

Condições de acesso

Enquanto detentora do arquivo, reserva-se à Paróquia de São Nicolau o direito de permitir o acesso à documentação. Todos os interessados em consultar o referido arquivo devem fazê-lo através do contacto da instituição.

Condiçoes de reprodução

A reprodução deverá ser solicitada por requerimento dirigido à Paróquia de São Nicolau. O seu deferimento encontra-se sujeito a algumas restrições tendo em conta o seu estado de conservação ou o fim a que se destina a reprodução.

Idioma do material

  • português

Sistema de escrita do material

    Notas ao idioma e script

    Características físicas e requisitos técnicos

    No geral a documentação encontra-se em bom estado de conservação. Os livros apresentam encadernações em carneira, cartão, couro, papel, seda crua e pergaminho; a documentação avulsa apresenta encarquilhamento, sinais da ação de bibliófagos, lacunas no papel, foxing e sujidade, entre outros.

    Instrumentos de descrição

    Acha-se no arquivo um “Inventário do arquivo da Capela de Nossa Senhora da Oliveirinha sita na Rua de S. Julião” elaborado em junho de 1998 por Maria da Graça Ribeiro Dias. O instrumento de descrição compreende o núcleo documental dos códices/livros e documentos avulsos.

    Zona de documentação associada

    Existência e localização de originais

    Existência e localização de cópias

    Existem cópias dos estatutos da irmandade no acervo do Governo Civil do Distrito de Lisboa, com o código de referência: PT/SGMAI/GCLSB/H-B/001/11271.

    Unidades de descrição relacionadas

    Descrições relacionadas

    Zona das notas

    Nota

    Encontram-se em falta no Fundo da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira do Ofício de Confeiteiro as seguintes unidades de instalação identificadas no “Inventário do arquivo da Capela de Nossa Senhora da Oliveirinha sita na Rua de S. Julião”: Compromisso da Irmandade (1773) – nº de ordem: L.145 – Cota: Comp.Irm.1; Regimento do Senado da Câmara (1768) – nº de ordem: L.85 - Cota: Sen. Câm.1; Livro de escrituras da Irmandade (1716-1751) – nº de ordem: L.82 – Cota: Esc.Irm.1.

    Identificador(es) alternativo(s)

    Pontos de acesso

    Pontos de acesso - Assuntos

    Pontos de acesso - Locais

    Pontos de acesso - Nomes

    Pontos de acesso de género

    Zona do controlo da descrição

    Identificador da descrição

    Identificador da instituição

    Regras ou convenções utilizadas

    CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS – ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística: adoptada pelo Comité de Normas de Descrição, Estocolmo: Suécia, 19-22 Setembro de 1999. Trad. Grupo de Trabalho para a Normalização da Descrição em Arquivo. 2ª ed. Lisboa: IAN/TT, 2004. [Em linha]. Disponível em WWW:www.dgarq.gov.pt/files/2008/10/isadg.pdf>.
    DIRECÇÃO GERAL DE ARQUIVOS. PROGRAMA DE NORMALIZAÇÃO PARA A DESCRIÇÃO EM ARQUIVO. GRUPO DE TRABALHO DE NORMALIZAÇÃO DA DESCRIÇÃO EM ARQUIVO – Orientações para a descrição arquivística. 2.ª v. Lisboa: DGARQ, 2007 [Em linha]. Disponível em WWW: http://www.dgarq.gov.pt/files/2008/10/oda1-2-3.pdf>.
    NP- 405-1: 1994 - Informação e documentação: referências bibliográficas: documentos impressos. Lisboa: IPQ. 46 p

    Estatuto

    Nível de detalhe

    Datas de criação, revisão, eliminação

    Descrição elaborada entre 15 de setembro de 2016 e 31 de março de 2017.

    Línguas e escritas

      Script(s)

        Fontes

        Nota do arquivista

        Descrição arquivística realizada por: Arminda Fortes e Natércio Afonseca

        Área de ingresso